Créditos: Denor Ramos
Por Denor Ramos*, para o SINTE/RN
A ausência de placa no portão de entrada e duas faixas fixadas pelo grêmio estudantil nas grades sobre o muro trazendo as frases “Governador, reforma urgente! 10 anos de espera” e “O governo não pode dar educação porque a educação ‘derruba’ o governo!”, mostram a impaciência dos alunos da Escola Estadual Interventor Ubaldo Bezerra de Melo, em Ceará Mirim, com as promessas do governo. Tal inquietação da comunidade escolar ficou evidente no ofício enviado ao SINTE/RN pela direção da escola solicitando uma visita para registrar e denunciar a situação. O pedido foi prontamente atendido e a direção do SINTE, representada pelo diretor Bruno Vital, esteve na escola. A visita aconteceu na tarde dessa quarta-feira (18) sob a recepção do diretor da instituição, professor Maurício Câmara. Era dia de reunião com os pais e o espaço estava sem alunos. Simpaticamente receptivo e entre um e outro toque do seu celular sobre a mesa da direção, que mostrava os seus inúmeros afazeres, Maurício não poupou palavras. Contou que o prédio, construído em 1980, espera há pelo menos 10 anos por uma ampla reforma, mesmo tempo que o gestor atua na escola. Explicou que foi eleito em 2016 para atuar à frente da direção da escola que tem cerca de 1570 alunos de ensino médio divididos em 3 turnos.
O gestor convidou a equipe para andar pela escola e mostrar a situação de abandono por parte do governo Robinson Faria. O mofo estava em todas as salas e era acentuado pelo frio provocado em decorrência da chuva que caiu nas primeiras horas do dia e se misturava a um produto utilizado para amenizar o cheiro que incomoda aos olfatos mais apurados. Os velhos telhados lajeados sofrem com a ação dos anos e vêm se esfarelando. As paredes apresentam infiltrações geradas pelos vazamentos oriundos das chuvas. Não bastasse isso, a deficiente rede elétrica faz com que as paredes às vezes cheguem a dar choques em alunos e professores: “Vários aparelhos de ar condicionado já queimaram”, conta. A parte hidráulica também é deficiente. Diversas telhas estão quebradas e o prédio não é adaptado para receber cadeirantes e pessoas com qualquer dificuldade de locomoção. Laboratórios para atividades extraclasse não existem. Na ocasião, não havia internet para trabalhar por falta de pagamento por parte do governo.
Essa série de problemas, de acordo com o diretor Maurício, por vezes faz com que as aulas sejam interrompidas. As chuvas do meio de abril deste ano chegaram a parar por dias as aulas, uma vez que as salas não ofereciam condições alguma para comportar alunos e professores em meio às infiltrações e mofo. Em 38 anos de existência, a escola Ubaldo Bezerra só passou por leves reparos, como pintura, rebocos, construção de duas salas e reforma na caixa d’água. Coisas insuficientes para coibir a ação do tempo.
Enquanto abria e fechava as salas para mostrar o descaso da escola, o diretor Maurício Câmara conversava mais e enfatizava a série de mofos sempre apontando para as paredes e os telhados. Disse que vários ofícios foram enviados à Secretaria Estadual de Educação solicitando uma reforma. Ao mesmo tempo ações práticas por parte da comunidade escolar já aconteceram. Em uma delas os alunos protestaram na própria SEEC. Em outra ocasião, em 2016, os estudantes ocuparam por uma semana a escola para exigir melhores condições para estudar. Em resposta o governo propôs realocar os mais de 1 mil alunos no CEEP, Edgar Barbosa e Monsenhor, todos os 3 prédios em Ceará Mirim. Entretanto, a ideia foi rejeitada pela comunidade escolar durante assembleia convocada pela direção da instituição. Os alunos, pais e professores chegaram a um consenso e compreenderam que ir para outros prédios não resolveria a situação, bem como não comportaria todo mundo. Isso porque em nenhuma das 3 escolas sugeridas há salas suficientes para todos. “O Estado ofereceu um espaço que não nos cabe. (Os alunos, pais e professores) preferiram ficar na escola até a reforma começar”, explicou o diretor.
(Assista AQUI ao depoimento do diretor da E.E Ubaldo Bezerra)
A negativa da comunidade a proposta de ir para outras escolas não cessou a luta. A escola, em sua totalidade, aderiu a greve dos trabalhadores em educação da Rede Estadual realizada entre março e maio deste ano de 2018. O movimento grevista teve como um dos pontos de pauta uma ampla luta contra a precarização da Rede. Mas o governo sempre pode surpreender. Tanto que, apesar da situação da escola, o Executivo propôs implementar a modalidade de ensino médio, a exemplo do que tem feito em escolas espalhadas pelo Rio Grande do Norte. Porém, a ideia foi prontamente rechaçada pelos profissionais. A reforma tem que vir primeiro, decidiram.
Por enquanto o que se tem é a promessa de reforma, que já chegou a uma década de aguardo. Atualmente, agosto deste ano é o mês apontado para o possível início da chegada dos materiais. Diante da demora e burocracia, a reforma parece um sonho ainda distante para quem sofre todos os dias com os problemas da instituição. O projeto de engenharia produzido pela SEEC segue fixado em uma das paredes da sala da diretoria mostrando que a esperança está lá ao mesmo tempo que denuncia o abandono de uma ideia já feita pelo governo. A expectativa de todos que fazem a escola é por melhores condições para trabalhar e os alunos mais conforto para aprender.
Em depoimento, o professor Bruno Vital, que integra o Conselho Diretor do SINTE/RN, afirmou que o quadro de depredação das escolas estaduais é geral e enfatizou a má vontade do governo e a luta da comunidade: “A gente tá vendo uma reforma aqui que já era para ter saído há muito tempo e não saiu, e não foi por falta de mobilização da comunidade escolar. A Escola Ubaldo Bezerra tem uma história de luta e de movimentos. Já aconteceu uma ocupação da escola, visitas a Secretaria, diversas vezes os alunos e professores participaram de movimentos em Natal para pressionar a Secretaria. Mesmo assim não houve resposta”.
(Assista AQUI ao depoimento do diretor do SINTE/RN, professor Bruno Vital)
Bruno deixou claro que o SINTE/RN seguirá cobrando uma solução: “Os alunos estão ansiosos e nós vamos fazer o acompanhamento desse caso para garantir que seja feita a reforma o mais rápido possível”. O sentimento da comunidade escolar, juntamente com o SINTE/RN, é que a luta não pode parar, apesar de tudo.
*Denor Ramos é jornalista e integra a equipe que faz a assessoria de comunicação do SINTE/RN.
Créditos: Denor Ramos
Por Denor Ramos*, para o SINTE/RN
A ausência de placa no portão de entrada e duas faixas fixadas pelo grêmio estudantil nas grades sobre o muro trazendo as frases “Governador, reforma urgente! 10 anos de espera” e “O governo não pode dar educação porque a educação ‘derruba’ o governo!”, mostram a impaciência dos alunos da Escola Estadual Interventor Ubaldo Bezerra de Melo, em Ceará Mirim, com as promessas do governo. Tal inquietação da comunidade escolar ficou evidente no ofício enviado ao SINTE/RN pela direção da escola solicitando uma visita para registrar e denunciar a situação. O pedido foi prontamente atendido e a direção do SINTE, representada pelo diretor Bruno Vital, esteve na escola. A visita aconteceu na tarde dessa quarta-feira (18) sob a recepção do diretor da instituição, professor Maurício Câmara. Era dia de reunião com os pais e o espaço estava sem alunos. Simpaticamente receptivo e entre um e outro toque do seu celular sobre a mesa da direção, que mostrava os seus inúmeros afazeres, Maurício não poupou palavras. Contou que o prédio, construído em 1980, espera há pelo menos 10 anos por uma ampla reforma, mesmo tempo que o gestor atua na escola. Explicou que foi eleito em 2016 para atuar à frente da direção da escola que tem cerca de 1570 alunos de ensino médio divididos em 3 turnos.
O gestor convidou a equipe para andar pela escola e mostrar a situação de abandono por parte do governo Robinson Faria. O mofo estava em todas as salas e era acentuado pelo frio provocado em decorrência da chuva que caiu nas primeiras horas do dia e se misturava a um produto utilizado para amenizar o cheiro que incomoda aos olfatos mais apurados. Os velhos telhados lajeados sofrem com a ação dos anos e vêm se esfarelando. As paredes apresentam infiltrações geradas pelos vazamentos oriundos das chuvas. Não bastasse isso, a deficiente rede elétrica faz com que as paredes às vezes cheguem a dar choques em alunos e professores: “Vários aparelhos de ar condicionado já queimaram”, conta. A parte hidráulica também é deficiente. Diversas telhas estão quebradas e o prédio não é adaptado para receber cadeirantes e pessoas com qualquer dificuldade de locomoção. Laboratórios para atividades extraclasse não existem. Na ocasião, não havia internet para trabalhar por falta de pagamento por parte do governo.
Essa série de problemas, de acordo com o diretor Maurício, por vezes faz com que as aulas sejam interrompidas. As chuvas do meio de abril deste ano chegaram a parar por dias as aulas, uma vez que as salas não ofereciam condições alguma para comportar alunos e professores em meio às infiltrações e mofo. Em 38 anos de existência, a escola Ubaldo Bezerra só passou por leves reparos, como pintura, rebocos, construção de duas salas e reforma na caixa d’água. Coisas insuficientes para coibir a ação do tempo.
Enquanto abria e fechava as salas para mostrar o descaso da escola, o diretor Maurício Câmara conversava mais e enfatizava a série de mofos sempre apontando para as paredes e os telhados. Disse que vários ofícios foram enviados à Secretaria Estadual de Educação solicitando uma reforma. Ao mesmo tempo ações práticas por parte da comunidade escolar já aconteceram. Em uma delas os alunos protestaram na própria SEEC. Em outra ocasião, em 2016, os estudantes ocuparam por uma semana a escola para exigir melhores condições para estudar. Em resposta o governo propôs realocar os mais de 1 mil alunos no CEEP, Edgar Barbosa e Monsenhor, todos os 3 prédios em Ceará Mirim. Entretanto, a ideia foi rejeitada pela comunidade escolar durante assembleia convocada pela direção da instituição. Os alunos, pais e professores chegaram a um consenso e compreenderam que ir para outros prédios não resolveria a situação, bem como não comportaria todo mundo. Isso porque em nenhuma das 3 escolas sugeridas há salas suficientes para todos. “O Estado ofereceu um espaço que não nos cabe. (Os alunos, pais e professores) preferiram ficar na escola até a reforma começar”, explicou o diretor.
(Assista AQUI ao depoimento do diretor da E.E Ubaldo Bezerra)
A negativa da comunidade a proposta de ir para outras escolas não cessou a luta. A escola, em sua totalidade, aderiu a greve dos trabalhadores em educação da Rede Estadual realizada entre março e maio deste ano de 2018. O movimento grevista teve como um dos pontos de pauta uma ampla luta contra a precarização da Rede. Mas o governo sempre pode surpreender. Tanto que, apesar da situação da escola, o Executivo propôs implementar a modalidade de ensino médio, a exemplo do que tem feito em escolas espalhadas pelo Rio Grande do Norte. Porém, a ideia foi prontamente rechaçada pelos profissionais. A reforma tem que vir primeiro, decidiram.
Por enquanto o que se tem é a promessa de reforma, que já chegou a uma década de aguardo. Atualmente, agosto deste ano é o mês apontado para o possível início da chegada dos materiais. Diante da demora e burocracia, a reforma parece um sonho ainda distante para quem sofre todos os dias com os problemas da instituição. O projeto de engenharia produzido pela SEEC segue fixado em uma das paredes da sala da diretoria mostrando que a esperança está lá ao mesmo tempo que denuncia o abandono de uma ideia já feita pelo governo. A expectativa de todos que fazem a escola é por melhores condições para trabalhar e os alunos mais conforto para aprender.
Em depoimento, o professor Bruno Vital, que integra o Conselho Diretor do SINTE/RN, afirmou que o quadro de depredação das escolas estaduais é geral e enfatizou a má vontade do governo e a luta da comunidade: “A gente tá vendo uma reforma aqui que já era para ter saído há muito tempo e não saiu, e não foi por falta de mobilização da comunidade escolar. A Escola Ubaldo Bezerra tem uma história de luta e de movimentos. Já aconteceu uma ocupação da escola, visitas a Secretaria, diversas vezes os alunos e professores participaram de movimentos em Natal para pressionar a Secretaria. Mesmo assim não houve resposta”.
(Assista AQUI ao depoimento do diretor do SINTE/RN, professor Bruno Vital)
Bruno deixou claro que o SINTE/RN seguirá cobrando uma solução: “Os alunos estão ansiosos e nós vamos fazer o acompanhamento desse caso para garantir que seja feita a reforma o mais rápido possível”. O sentimento da comunidade escolar, juntamente com o SINTE/RN, é que a luta não pode parar, apesar de tudo.
*Denor Ramos é jornalista e integra a equipe que faz a assessoria de comunicação do SINTE/RN.