Quando meu segundo filho era pequeno lhe dei de presente um cachorro boxer. Como é característico da raça, Tobi era um filhote azougado, adorava correr de um canto para outro da casa. Do nada, disparava feito rojão, desviando dos móveis, detendo-se bruscamente antes de se estatelar na parede, girando o corpo e voltando em seguida em alta velocidade, para continuar a brincadeira.
Um dia, o filhote calculou mal e “sobrou” na curva, abalroando uma caixa de som, daquelas antigas e pesadas. O móvel tombou sobre sua pata traseira. Seguiu-se um interminável lamento de dor na forma de penosos ganidos. Mesmo enquanto era socorrido, parecia um menino chorando.
Assim que se recuperou do machucado, Tobi voltou às suas estripulias de filhote, mas nunca mais sequer se aproximou da caixa de som. O cachorrinho aprendeu a lição e se protegeu com ela através de uma atitude de preservação. Bem ao contrário de alguns humanos que parecem ter perdido essa capacidade de se afastar, por instinto daquilo, que nos faz mal. Essa é a única explicação para, a cada eleição, elegermos políticos que representam o retorno a um passado que nos trouxe dores infinitamente maiores que a queda de uma caixa de som no pé.
Invariavelmente, escolhas erradas tombam sobre nossa vida causando estragos, impedindo vitórias, travando avanços, produzindo injustiça social, desespero e dor. Mas para muitos, basta que a “caixa de som” seja pintada de azul e transmita músicas animadas e notícias filtradas de acordo com o desejo do político, para a memória da dor ser apagada. Nessas horas, não são poucos os que voltam a brincar em redor da mesma caixa, numa atitude comparada a dos insetos noturnos, hipnotizados pela luz artificial. Quando estes são a maioria, o estrago está feito.
É verdade que fica difícil rememorar os desastres acontecidos há quase duas décadas, principalmente quando os causadores deles são os que detém o controle da caixa de som da mídia. A esperança, nessas eleições, está nas redes sociais onde o debate acontece (quase) livremente e as pessoas, que se dispõe a aprender com as lições, têm a oportunidade de acessar o passado e, seguindo o exemplo de Tobi, se afastar daquilo que lhe ameaça.
(Leilton Lima)
Quando meu segundo filho era pequeno lhe dei de presente um cachorro boxer. Como é característico da raça, Tobi era um filhote azougado, adorava correr de um canto para outro da casa. Do nada, disparava feito rojão, desviando dos móveis, detendo-se bruscamente antes de se estatelar na parede, girando o corpo e voltando em seguida em alta velocidade, para continuar a brincadeira.
Um dia, o filhote calculou mal e “sobrou” na curva, abalroando uma caixa de som, daquelas antigas e pesadas. O móvel tombou sobre sua pata traseira. Seguiu-se um interminável lamento de dor na forma de penosos ganidos. Mesmo enquanto era socorrido, parecia um menino chorando.
Assim que se recuperou do machucado, Tobi voltou às suas estripulias de filhote, mas nunca mais sequer se aproximou da caixa de som. O cachorrinho aprendeu a lição e se protegeu com ela através de uma atitude de preservação. Bem ao contrário de alguns humanos que parecem ter perdido essa capacidade de se afastar, por instinto daquilo, que nos faz mal. Essa é a única explicação para, a cada eleição, elegermos políticos que representam o retorno a um passado que nos trouxe dores infinitamente maiores que a queda de uma caixa de som no pé.
Invariavelmente, escolhas erradas tombam sobre nossa vida causando estragos, impedindo vitórias, travando avanços, produzindo injustiça social, desespero e dor. Mas para muitos, basta que a “caixa de som” seja pintada de azul e transmita músicas animadas e notícias filtradas de acordo com o desejo do político, para a memória da dor ser apagada. Nessas horas, não são poucos os que voltam a brincar em redor da mesma caixa, numa atitude comparada a dos insetos noturnos, hipnotizados pela luz artificial. Quando estes são a maioria, o estrago está feito.
É verdade que fica difícil rememorar os desastres acontecidos há quase duas décadas, principalmente quando os causadores deles são os que detém o controle da caixa de som da mídia. A esperança, nessas eleições, está nas redes sociais onde o debate acontece (quase) livremente e as pessoas, que se dispõe a aprender com as lições, têm a oportunidade de acessar o passado e, seguindo o exemplo de Tobi, se afastar daquilo que lhe ameaça.
(Leilton Lima)