Para Refletir

Político honesto

2 Sep 2014

— Eu sou honesto!
A mulher olhou com cara de desdém: — Honesto e político? Meu filho, isso é como água e óleo, não se misturam.
— Mas minha senhora, eu nem me elegi ainda, sou candidato pela primeira vez!
— Pré ladrão. Está esperando só uma oportunidade para roubar.
— Mas eu já tive essa oportunidade e nunca roubei. Administrei uma associação de idosos que me confiavam a senha de suas contas bancárias, fui diretor financeiro de um sindicato e também síndico. Mexi em muito dinheiro, recebi propostas de corrupção e em vez de aceita-las, denunciei. Tenho centenas de pessoas que podem testemunhar o que digo. Aliás, foram elas que me convenceram a sair como candidato justamente por isso.
— Ah, como tem gente iludida. Acreditam em qualquer coisa.
— Minha senhora, eu sei que a maioria dos políticos é desonesta, mas existe uma minoria de gente honrada querendo fazer um bom trabalho em favor de todos. Se essas pessoas não tiverem um voto de confiança tudo vai continuar do jeito que está.
— Gente honrada na política!? Daqui a pouco você vai começar a falar em disco voador e homenzinhos verdes.
— Olha aqui. A senhora não acha que é muito cômodo para os políticos desonestos que todo mundo acredite que somos iguais? Se todo mundo parecer bandido, então fica fácil se esconder no meio da multidão. Enquanto nós, os honestos, somos hostilizados injustamente eles se perpetuam no poder, sempre se reelegendo.
A mulher foi pega desprevenida. Nunca tinha pensado sobre isso. Varreu a mente a procura de uma saída para aquele argumento e decidiu sair pela tangente:
— É… Essa aí até que faz um pouco de sentido. Mas você não é tão honesto assim. Já mostra o contrário só em querer passar essa perfeição toda. Vai dizer que nunca fez nada errado?
O candidato derreou os ombros e soltou um suspiro.
— Tá. Eu confesso, quando eu era pequeno quebrei o vaso preferido da minha mãe e coloquei a culpa no gato.
Apesar de ser mais baixa que ele uns 15cm, a mulher olhou de cima a abaixo e finalizou vencedora:
— Não disse?

(Leilton Lima)

Político honesto

2 Sep 2014

— Eu sou honesto!
A mulher olhou com cara de desdém: — Honesto e político? Meu filho, isso é como água e óleo, não se misturam.
— Mas minha senhora, eu nem me elegi ainda, sou candidato pela primeira vez!
— Pré ladrão. Está esperando só uma oportunidade para roubar.
— Mas eu já tive essa oportunidade e nunca roubei. Administrei uma associação de idosos que me confiavam a senha de suas contas bancárias, fui diretor financeiro de um sindicato e também síndico. Mexi em muito dinheiro, recebi propostas de corrupção e em vez de aceita-las, denunciei. Tenho centenas de pessoas que podem testemunhar o que digo. Aliás, foram elas que me convenceram a sair como candidato justamente por isso.
— Ah, como tem gente iludida. Acreditam em qualquer coisa.
— Minha senhora, eu sei que a maioria dos políticos é desonesta, mas existe uma minoria de gente honrada querendo fazer um bom trabalho em favor de todos. Se essas pessoas não tiverem um voto de confiança tudo vai continuar do jeito que está.
— Gente honrada na política!? Daqui a pouco você vai começar a falar em disco voador e homenzinhos verdes.
— Olha aqui. A senhora não acha que é muito cômodo para os políticos desonestos que todo mundo acredite que somos iguais? Se todo mundo parecer bandido, então fica fácil se esconder no meio da multidão. Enquanto nós, os honestos, somos hostilizados injustamente eles se perpetuam no poder, sempre se reelegendo.
A mulher foi pega desprevenida. Nunca tinha pensado sobre isso. Varreu a mente a procura de uma saída para aquele argumento e decidiu sair pela tangente:
— É… Essa aí até que faz um pouco de sentido. Mas você não é tão honesto assim. Já mostra o contrário só em querer passar essa perfeição toda. Vai dizer que nunca fez nada errado?
O candidato derreou os ombros e soltou um suspiro.
— Tá. Eu confesso, quando eu era pequeno quebrei o vaso preferido da minha mãe e coloquei a culpa no gato.
Apesar de ser mais baixa que ele uns 15cm, a mulher olhou de cima a abaixo e finalizou vencedora:
— Não disse?

(Leilton Lima)

Agenda

Newsletter